Prof.Dr.Luis Carlos Figueira de Carvalho

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BENZODIAZEPINAS

BENZODIAZEPINAS

TEXTO ORIGINAL EM: GRUPO EDITORIAL MOREIRA JUNIOR

 

Benzodiazepínicos: atualidades
Benzodiazepines: up-to-date


Sérgio Albertino
Pedro Ferreira Moreira Filho
Professor adjunto doutor da Disciplina de Neurologia da Faculdade Fluminense de Medicina - UFF.
Hospital Universitário Antônio Pedro. Curso de Pós-Graduação em Neurologia.
Endereço para correspondência:
Sérgio Albertino - Rua Mem de Sá, 186
Icaraí. Niterói - RJ - CEP 24220-261
Tel.: (21) 710- 7733 - Fax: (21) 710-4278
 
Unitermos: benzodiazepínicos.
Unterms: benzodiazepines.


Sumário
Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão dos mecanismos de ação, metabolismo, excreção, indicações, efeitos colaterais, interações medicamentosas, tolerância, dependência e síndrome de abstinência dos benzodiazepínicos, atualmente um dos fármacos mais prescritos. O conhecimento desses parâmetros torna mais segura a sua utilização, com melhor e mais eficaz resposta terapêutica.

Sumary
The purpose of this paper is to make a review of the action's mechanism of the benzodiazepines as well as their metabolism, excretion, indication, side effects, drug interactions, tolerance, dependence and abstinence syndrome. The knowledge of those facts about the benzodiazepines makes their prescrition safer, therefore resulting a better terapeutic answer.

Introdução

É cada vez mais freqüente nos depararmos com pacientes que utilizam ou necessitam fazer uso de benzodiazepínicos (BDZ), medicação anteriormente prescrita quase que com exclusividade por psiquiatras e neurologistas. Atualmente o seu uso é feito por inúmeros especialistas de outras áreas, sendo indicado em várias afecções fora do âmbito neuropsiquiátrico. O médico diante de um paciente em uso de substâncias BDZ ou com a necessidade de prescrevê-las, percebe a importância de conhecer a farmacocinética, mecanismos de ação, indicações, efeitos colaterais, interações medicamentosas, tolerância, dependência e síndrome de abstinência desses medicamentos para que possa utilizá-los com maior segurança.

A utilização ampla dos BDZ ocorreu a partir da década de 1960, substituindo os barbitúricos por serem mais eficazes, com baixo efeito colateral e menor risco de toxicidade e dependência. 

Farmacocinética e mecanismo de ação

Os BDZ atuam em receptores específicos nos sistemas gabaérgicos, no complexo receptor denominado GABA(A). Na dependência da capacidade agonista e do grau de ocupação dos receptores teremos um efeito ansiolítico, anticonvulsivante, amnésico, miorrelaxante ou sedante. 

Vias de administração 

Os BDZ são substâncias pouco solúveis em água no pH fisiológico, sendo por este motivo mais rapidamente absorvidas por via oral do que por via intramuscular. No caso de necessitarmos de uma ação mais rápida, devemos optar pelo uso oral ou endovenoso. 

O solvente da solução parenteral é lipídico (propileno-glicol), não devendo ser associado a outras soluções de uso parenteral, devido a possibilidade de precipitação de cristais. 

Metabolismo 

O metabolismo dos BDZ ocorre principalmente no fígado por dois mecanismos: oxidação (influenciada pela idade e hepatopatias) e conjugação que não sofre a interferência desses fatores. A genética também desempenha um importante papel no metabolismo. Os BDZ que são metabolizados por oxidação produzem metabólitos ativos e os metabolizados por conjugação não produzem metabólitos ativos. Esses fatores relacionados ao metabolismo determinam a meia-vida plasmática dos BDZ, isto é, o tempo decorrido entre a obtenção da concentração plasmática máxima e a metade desta, sendo este índice conhecido pela sigla T½ . O BDZ como o diazepam que produz três metabólitos ativos (desmetil-diazepam, oxidiazepam, oxidesmetil-diazepam) possui T½ longo, portanto com efeito prolongado. Os BDZ que não produzem metabólitos ativos possuem T ½ curta.


Excreção 

Esta se faz através da conjugação com o ácido glicurônico.

Equivalência de doses 

Na administração dos vários tipos de substâncias BDZ, devemos considerar dois fatores: a meia-vida longa no organismo e a sua dosagem em miligramas.

Benzodiazepínicos de ação curta

· São metabolizados por conjugação, não produzindo metabólitos ativos.

· Indicados em casos em que desejamos uma atuação por curto período de tempo.

· Utilizados em casos de pacientes com distúrbio hepático, renal e indivíduos debilitados.

· Indicados em pacientes com ansiedade intensa e de curta duração.

Benzodiazepínicos de ação longa

· São metabolizados por oxidação, produzindo metabólitos ativos.

· Indicados em casos em que desejamos uma atuação por longo período de tempo.

· Utilizados em casos de ansiedade prolongada.

Indicações

Os BDZ são substâncias com propriedades ansiolíticas, hipnóticas, anticonvulsivante, miorrelaxante e também utilizadas como pré-anestésico. A sua grande utilização é principalmente como ansiolítico. Os otorrinolaringologistas os utilizam principalmente na área otoneurológica, especificamente nos pacientes com quadros de vertigem, tontura e zumbidos, em que o fator ansiedade é de extrema importância. 

Dependência 

A dependência pode ser física e/ou psicológica, sendo que na maioria das vezes observamos ambas, sendo seu grau variável de um paciente para outro e pode ser influenciada por vários fatores como: idade, problemas pessoais e/ou familiares, trabalho, predisposição genética etc. A dependência física decorre da necessidade do organismo de um ou mais metabólitos dos BDZ para manter seu padrão de atividade. A dependência psicológica é quando o uso da droga é feito sem uma evidente necessidade. 

Para diminuir os riscos de dependência podemos: utilizar doses baixas; evitar, quando possível, seu uso em pacientes propensos à dependência; utilizá-las por curto período de tempo; utilizar doses intercaladas e/ou variáveis. 

Síndrome de abstinência

Os sintomas que podem ocorrer durante a retirada dos BDZ em pacientes dependentes são muitos: agitação; inquietação; impaciência; ansiedade; dificuldade de concentração; distúrbios de memória; distúrbios no sono; anorexia; fono e fotofobia; alucinações; convulsões; ressecamento de mucosa oral; sudorese; náusea; tremores; cefaléia etc. 

Alguns fatores que dificultam a retirada dos BDZ: uso de altas doses a longo prazo, pacientes idosos, indivíduos de comportamento instável, pacientes em tratamento psiquiátrico, história de uso de drogas ou álcool e a falta de apoio no ambiente familiar e social. 

A síndrome de abstinência ocorre nos casos de interrupção abrupta ou muito rápida, em um tempo variável de um a oito dias após interrupção da medicação, na dependência da meia-vida de eliminação do BDZ em uso. 

Uso dos BDZ em grupos específicos

Idosos

Em indivíduos acima de 60 anos de idade os efeitos colaterais podem ser mais intensos.

Gravidez

Deve ser evitado o uso de BDZ no primeiro trimestre da gravidez. O uso de doses elevadas durante a gravidez pode acarretar sintomas de dependência no recém-nascido.

Insuficiência renal

Pacientes com insuficiência renal e submetidos à hemodiálise podem fazer uso de BDZ, sem alterar as doses usualmente recomendadas.

Doenças cardiovasculares

O uso de BDZ é bastante seguro neste grupo de pacientes.

Diabetes

Sem contra-indicação nas disglicemias. 

Doenças hepáticas

A meia-vida dos metabólitos pode ser aumentada, acarretando exacerbação dos efeitos colaterais, sendo mais indicado o uso de BDZ que não produza metabólitos ativos.

Interações medicamentosas 

· Substâncias que inibem o metabolismo dos BDZ, aumentando seu efeito - cimetidina, omeprazol, isoniazida, beta-bloqueadores, anticoncepcional oral, dissulfiram.

· Substâncias que aumentam o metabolismo dos BDZ, diminuindo sua eficácia - difenilhidantoína, rifampicina e uso crônico de fenobarbital.

· Depressores do sistema nervoso central potencializam o efeito sedativo - barbitúricos, álcool.

· Substâncias anti-histamínicas + BDZ - podem aumentar a sedação. 

· Substâncias anti-hipertensiva + BDZ - podem ocorrer um aumento do efeito de hipotensão.

· Substâncias antiácidas e anticolinérgicos diminuem a absorção dos BDZ.

· Os BDZ aumentam os níveis plasmáticos de digoxina, podendo haver intoxicação digitálica. 





Bibliografia
1. Amaral, M - Os efeitos adversos e as complicações do uso de benzodiazepínicos. J. Bras. Psiq., 36 (6): 353-356, 1986.

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5. Oggero, U - Indicações dos benzodiazepínicos. J. Bras. Psiq., 35 (1): 25-29, 1986. 

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